Falta de mulheres negras na liderança corporativa expõe desafio para empresas brasileiras. Especialista em desenvolvimento de lideranças, Barbara Nunes, aponta caminhos para construir ambientes de tra

Ainda que mulheres negras representem 29% da população brasileira, elas ocupam apenas 3% dos cargos de liderança nas empresas, do nível de gerência e acima. O dado, divulgado pelo estudo Diversidade, Representatividade e Percepção – Censo Multissetorial da Gestão Kairós, evidencia um abismo entre o discurso de diversidade e a prática nas organizações.

A presença de mulheres negras em posições de liderança não é apenas uma questão de equidade social, é uma estratégia empresarial inteligente que gera resultados mensuráveis tanto para as organizações quanto para a sociedade como um todo. A correlação entre liderança diversificada e performance financeira superior não é mais uma hipótese, é um fato. O mais recente relatório da McKinsey, "Diversity Matters Even More" (2023), demonstra que empresas com maior variedade de perspectivas no topo da hierarquia têm 35% mais probabilidade de superar seus concorrentes em termos de rentabilidade. Esta vantagem competitiva se torna ainda mais pronunciada quando consideramos especificamente a liderança feminina negra, que traz experiências únicas para a tomada de decisões.

Para Barbara Nunes, Coordenadora de Operações de RH na Simbi Socialtech e especialista em desenvolvimento de lideranças, a solução passa por mudanças estruturais. “Não basta abrir vagas afirmativas ou promover treinamentos pontuais. É preciso repensar processos, culturas e estratégias para garantir que mulheres negras não apenas cheguem à liderança, mas permaneçam e prosperem nesses espaços”, afirma.

A variedade cognitiva gerada pela presença de mulheres negras na liderança é um catalisador poderoso para a inovação. Equipes que combinam diferentes contextos e narrativas são mais criativas, questionam mais as suposições estabelecidas e chegam a soluções mais inovadoras para problemas complexos. 

Com ampla experiência em formação e condução de equipes para resultados coletivos e organizacionais significativos, Barbara atua com foco na criação de ambientes de trabalho sustentáveis, onde pertencimento e diversidade sejam alicerces da inovação. “Quando colocamos as pessoas no centro das decisões, aumentamos o potencial de gerar soluções mais criativas, justas e duradouras. E isso é especialmente necessário em um país com a complexidade social e diversidade racial do Brasil”, destaca.

Além de liderar iniciativas de desenvolvimento de pessoas e gestão de projetos na Simbi Socialtech, Barbara traz uma trajetória sólida em estratégias de equidade e inclusão, branding e metodologias comportamentais como o Profiler. Sua formação internacional e acadêmica, incluindo mestrado em Relações Internacionais pela Universidade Federal da Bahia, especialização em Liderança Estratégica para Cultura de Paz e estudos na Universidade de La Verne (Califórnia), contribuem para uma visão global sobre como as empresas podem se transformar para prosperar.

Segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (2024), 57% das entrevistadas afirmam ser a única mulher negra em cargos de liderança em suas empresas, destacando o isolamento e a falta de aproveitamento deste talento. Quando você é a única, o peso da representação é enorme e isso limita o potencial de transformação que estas líderes podem proporcionar.

Segundo a especialista, os números mostram que não é apenas uma questão de representatividade, mas de impacto estratégico. “Ao excluir mulheres negras das posições de decisão, as empresas perdem capacidade de leitura de mercado, inovação e conexão com a maior parte da população brasileira. Incluir é, também, uma decisão inteligente de negócios”, conclui.

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Caroline Vilas Bôas

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